Após ser indiciado pela PF, Bolsonaro faz forte desabafo em evento público: “Eu sou o mais”

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Mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal no caso da chamada “Abin paralela” — investigação que apura o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência pra monitorar opositores políticos —, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deixou de se manifestar em público. Em um discurso feito no interior de São Paulo, ele voltou a afirmar que é “o mais perseguido” do país.

“Duvido que tenha alguém nesse Brasilzão que foi mais perseguido do que eu. Mas quer saber? Vale a pena. A gente tem que encarar os problemas de frente. Cutucamos um sistema que, desculpa a palavra, é podre”, declarou Bolsonaro pra uma plateia de apoiadores em Presidente Prudente, durante um evento no interior paulista.

A fala do ex-presidente aconteceu nesta terça-feira, 17 de junho, durante sua participação na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne, conhecida como Feicorte. O evento é importante no setor do agronegócio e reuniu lideranças políticas de peso, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e também o secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab.

Durante sua fala, Bolsonaro também fez uma reflexão — ou, pelo menos, algo nesse tom — sobre símbolos nacionais e valores que, segundo ele, estariam sendo ameaçados. “O que é o Brasil? O que significa a nossa bandeira verde e amarela? O hino, a família, a liberdade? Tem gente que acha que liberdade é garantida. Não é não, tá? Liberdade é uma das coisas mais frágeis dentro de uma democracia”, alertou o ex-presidente, que atualmente está inelegível após decisões do Tribunal Superior Eleitoral.

Em um tom que alternava entre o político e o emocional, Bolsonaro parecia tentar reacender a chama do apoio popular que o acompanhou durante os anos de mandato. Usou palavras simples, diretas e até mesmo frases entrecortadas, que lembram mais uma conversa de bar do que um pronunciamento formal.

Nas redes sociais, Tarcísio de Freitas publicou fotos e vídeos ao lado do ex-presidente e celebrou o momento. “É de arrepiar entrar numa feira como essa junto com o mito e sentir o carinho da multidão”, escreveu o governador. “Essa é a turma que acredita na liberdade e trabalha pelo desenvolvimento e pela prosperidade do nosso Brasil.”

A visita do ex-presidente à Feicorte acontece num momento em que ele enfrenta diversas frentes de investigação. Além do caso da Abin, Bolsonaro também é alvo de inquéritos sobre tentativa de golpe, uso indevido da estrutura do governo e até sobre a compra e venda de joias recebidas em viagens oficiais. Mesmo assim, o ex-presidente segue com forte apoio em setores do agronegócio e em regiões do interior do país, onde seu discurso encontra eco.

Apesar de tudo, Bolsonaro mantém a linha: se apresenta como vítima de perseguição política e como alguém que “enfrenta o sistema”. E, para boa parte do público que o aplaudiu em Presidente Prudente, essa narrativa segue viva. Com ou sem elegibilidade, ele ainda é visto por muitos como uma figura central no debate político nacional.

Ao fim do discurso, sorrisos, selfies e aplausos. Uma mistura de comício improvisado com feira agropecuária — um cenário que tem se tornado comum na atual fase da carreira política de Bolsonaro. E mesmo fora das urnas, ele insiste em mostrar que não saiu de cena.

 

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