Lula ironiza Bolsonaro e promete eleição limpa em 2026
Em um discurso marcado por um tom firme e cheio de recados indiretos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cutucar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante um evento realizado nesta terça-feira, 18 de novembro. A fala aconteceu durante a inauguração da ponte que conecta Xambioá, no Tocantins, a São Geraldo do Araguaia, no Pará — uma obra que vinha sendo prometida há anos e que, segundo moradores locais, parecia que nunca ia sair do papel. Pois saiu.
Lula aproveitou o microfone para mirar o debate político que já esquenta a disputa eleitoral de 2026. De forma bem direta, mas sem citar nomes, ele disse que as próximas eleições serão “limpas”, sem qualquer tipo de contestação às urnas eletrônicas ou episódios de interferência policial como os que aconteceram no pleito de 2022, quando agentes da PRF foram acusados de atrasar a chegada de eleitores, especialmente no Nordeste. Esse tema voltou à tona recentemente após novas denúncias envolvendo operações suspeitas durante aquele segundo turno.
No discurso, Lula subiu um pouco o tom e disparou: “Aquelas tranqueiras que governaram esse país não voltarão”. A frase arrancou aplausos e até algumas risadinhas da plateia. Ficou claro que a indireta tinha endereço certo — e não precisava nem de GPS. O presidente ainda reforçou que a democracia, do jeito que ele defende, funciona com disputa, voto e, principalmente, respeito ao resultado. “Nada de chororô”, destacou, numa cutucada evidente aos episódios pós-eleição que marcaram o bolsonarismo, como os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que ainda rendem investigações, prisões e até pedidos de cassação.
Em outro momento, o petista fez questão de lembrar que comparações entre governos são inevitáveis, especialmente agora que o país se aproxima do terceiro ano de sua gestão atual. Disse que é fundamental que o povo avalie o que foi entregue antes e o que está sendo entregue agora — e que, segundo ele, isso ajuda o eleitor a “não votar nunca mais numa mentira”. Essa fala ecoa as últimas semanas, já que o governo federal tem intensificado campanhas de divulgação de obras concluídas, do PAC e dos programas sociais, enquanto a oposição tenta, nas redes sociais, descredibilizar essas iniciativas.
Lula também criticou o comportamento de alguns parlamentares que, conforme ele, preferem lacrar na internet a fazer perguntas sérias para ministros e autoridades. Reclamou da “era do celular na cara”, onde políticos — especialmente os de extrema direita, segundo ele — criam situações apenas para gerar cortes e vídeos curtos viralizáveis, muitas vezes recheados de acusações sem fundamento. O presidente prometeu que, daqui para frente, o governo vai apostar na “era da verdade”. Uma frase forte, embora meio genérica, mas que encaixa bem na estratégia atual do Planalto de tentar recuperar a narrativa em meio às brigas constantes no Congresso.
É importante destacar que esse discurso acontece num momento delicado da política nacional. A oposição trabalha para reorganizar sua base, Bolsonaro enfrenta processos no STF e no TSE, e sua situação jurídica segue complicada — inclusive com possibilidade de novas ações criminais avançarem até 2025. Ao mesmo tempo, o governo Lula busca consolidar uma imagem de estabilidade e responsabilidade, ainda que enfrente críticas sobre economia, segurança e gestão. Ou seja, o cenário já está, digamos, bem apimentado.
No fim das contas, o discurso no Tocantins serviu como uma prévia do que deve ser o clima eleitoral dos próximos meses: provocações, trocas de farpas e muita disputa de narrativa. Lula deixou claro que não pretende suavizar o tom e que vai continuar comparando sua gestão com a de seu antecessor sempre que tiver oportunidade. E, como sempre, as eleições de 2026 — mesmo faltando ainda um tempão — já começaram, pelo menos no palco da política brasileira.



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