Bolsonaro não perdoa e detona Lei Rouanet um dia após vitória de Fernanda Torres

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Na segunda-feira,

pouco depois da atriz Fernanda Torres levar o prêmio de Melhor Atriz de Drama no Globo de Ouro, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma crítica ao governo atual. O motivo? A Lei Rouanet, que sempre foi um alvo preferido do ex-presidente e de seus seguidores.

Bolsonaro usou sua conta no X (antigo Twitter) para compartilhar um vídeo de um internauta que falava sobre as balsas em Goiânia. O vídeo, na verdade, era de dezembro de 2024, mas o ex-presidente aproveitou a oportunidade para alfinetar o governo Lula e, claro, mencionar a Lei Rouanet de novo.

Ele escreveu no post: “Parece vídeo repetido, mas não é. Outro brasileiro denunciando a volta da ‘indústria das balsas’. O investimento em infraestrutura é rechaçado pela gestão Lula e, coincidentemente, jamais cobrado por outros governantes de outrora. Enquanto isso, a Rouanet…”.

Aqui, vale a pena lembrar que o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e que deu a Fernanda Torres o prêmio de Melhor Atriz, não foi financiado pela Lei Rouanet. Ao contrário do que Bolsonaro deu a entender, o longa-metragem não recebeu nenhum tipo de recurso dessa lei. De fato, o próprio regulamento da Lei Rouanet limita o uso de seus recursos para produções audiovisuais de grande porte, como filmes longos.

A premiação que Fernanda Torres recebeu foi para o papel dela no filme que aborda a história da família do ex-deputado Rubens Paiva, uma das vítimas da ditadura militar. Uma história bastante pesada, que muitos consideram um retrato importante de um período sombrio da história do Brasil.

Falando sobre a relação entre Bolsonaro e a família Paiva, sabemos que o ex-presidente nunca foi muito fã deles. Na biografia “Mito ou Verdade: Jair Messias Bolsonaro”, escrita por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), é mencionada a infância do ex-presidente, que passou parte da adolescência em Eldorado Paulista, cidade com grande influência da família Paiva.

No entanto, Bolsonaro sempre fez questão de frisar que veio de uma família humilde e que as diferenças sociais nunca passaram despercebidas para ele ao longo de sua vida. Aliás, o ex-presidente já fez diversas declarações sobre a desigualdade social e como isso o incomodava, mas sem nunca esconder a ligação política com certos grupos da elite.

É curioso notar que, enquanto Bolsonaro criticava a Lei Rouanet e seus supostos “beneficiados”, ele mesmo não parecia se importar muito com as críticas que recebia por suas próprias escolhas políticas. Seu governo, como todos sabem, foi marcado por polêmicas, muitas delas envolvendo recursos públicos e como eram distribuídos entre diferentes projetos e setores.

Claro que nem tudo foi só briga política e alfinetada entre Bolsonaro e o governo Lula. A verdade é que, no Brasil, essas questões sempre acabam sendo muito mais do que simples críticas. As divergências ideológicas, a falta de acordo sobre prioridades e a maneira como o governo lida com a cultura e o incentivo a projetos culturais se tornam um reflexo de algo muito mais profundo, que vai além do simples debate sobre a Lei Rouanet ou o que foi feito ou não feito com os recursos públicos.

Ainda assim, o fato de Fernanda Torres ter conquistado seu prêmio em meio a essa polêmica toda só reforça o quanto as discussões políticas acabam sendo parte do cotidiano, até mesmo quando alguém está recebendo um prêmio por um trabalho artístico. Isso é algo que a gente vê muito aqui no Brasil, onde política e cultura estão sempre entrelaçadas de uma forma ou de outra.

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