Padre Julio Lancellotti usa missa para alfinetar lives de Frei Gilson
No ultimo domingo , o padre Julio Lancellotti fez algumas declarações polêmicas durante uma missa em São Paulo. Ele usou os últimos momentos da celebração para criticar, de forma indireta, as famosas lives feitas por Frei Gilson, que têm ganhado milhões de visualizações com orações do rosário, principalmente durante as madrugadas. Lancellotti aproveitou o momento para mandar um recado que, na visão dele, falava diretamente sobre a importância de viver o que se prega, principalmente quando se trata de ajudar os mais necessitados.
Durante a missa, ele disse que não adianta rezar, se você não tiver atitudes práticas de ajuda ao próximo, especialmente os mais pobres. Ele ainda emendou:
Você pode rezar o terço às 4h da manhã e, às 6h, chutar um morador de rua para fora. Não adianta rezar o terço e não rezar pelo papa. A gente tem que rezar, sim, mas tem que viver o que reza. Não adianta rezar e depois não servir aos mais pobres, aos fracos e aos pequenos”, disse Lancellotti, com bastante convicção.
A fala dele pegou muita gente de surpresa. Não só pela crítica velada às transmissões de Frei Gilson, mas pela forma como ele abordou a questão das orações e das ações práticas de solidariedade. O padre destacou que não estaria interessado em entrar numa “guerra de números”, mas, logo depois, acabou se contradizendo. Ele falou que se organizasse um terço às 4h da manhã, conseguiria juntar mais de 1 milhão de pessoas rezando com ele.
“Fica essa guerra de números. Alguém diz: ‘Eu tenho 1 milhão que reza comigo’, mas só essa postagem que fiz aqui tem mais de 2 milhões de visualizações”, disse Lancellotti, claramente se referindo ao sucesso das transmissões do Frei Gilson.
Essa contradição logo causou alvoroço nas redes sociais. Muitos usuários começaram a questionar a postura do padre e suas palavras. Alguns começaram a acusá-lo de inveja em relação ao sucesso do Frei Gilson nas redes sociais, que, de fato, tem uma grande audiência durante suas orações transmitidas online.
O deputado federal Luiz Lima, do PL-RJ, também entrou na discussão, postando em sua conta no Twitter: “Vaidade, santa vaidade! Inveja é uma m…..! Falta muito para esse senhor se tornar uma pessoa boa, quando falta paz no coração, falta tudo!!”. Ele criticou a postura de Lancellotti, apontando que o que estava faltando ali não era só humildade, mas também a capacidade de respeitar o trabalho do outro, especialmente em tempos onde a solidariedade e a união são tão necessárias.
Além disso, uma internauta fez uma pergunta bem direta: “Qual a diferença do público que acompanha o senhor no YouTube para o público que acompanha o Frei Gilson? Porque você acredita que os seguidores do frei não ajudam os pobres e chutam mendigos, mas os seus não? Porque os milhões de visualizações do Frei Gilson não são relevantes, mas as suas são?” Essa questão levantada pela internauta tocou em um ponto delicado, já que muitos, que apoiam as transmissões de Frei Gilson, defendem que a audiência que ele conquista não é só por números, mas sim pelo impacto positivo que suas orações e atitudes podem gerar na vida das pessoas.
Essa discussão, que começou como uma simples crítica de um padre a outro, acabou se transformando em uma reflexão sobre a relação entre fé, público e o impacto das redes sociais na vida religiosa. Muitos se perguntaram se a audiência nas plataformas digitais deveria ser vista como um termômetro da verdadeira espiritualidade, ou se, de fato, ela pode ser apenas uma fachada para a vaidade e o ego.
No fim, fica a reflexão: será que estamos buscando realmente viver o que pregamos ou apenas mostrando ao mundo o que queremos que ele veja? Afinal, como diz o próprio padre Lancellotti, “não adianta rezar e não servir aos mais pobres”. Então, a pergunta que fica é: estamos servindo?