PF prende quatro militares e um policial federal em operação que investiga plano para matar Lula, Alckmin e Moraes
Na última terça-feira, a Polícia Federal deu um grande passo nas investigações sobre um suposto plano de golpe que teria como alvo a destruição da democracia no Brasil. Durante a operação, quatro militares e um policial federal foram presos. A suspeita é de que esse grupo, que seria formado pelos chamados “kids pretos”, estava planejando assassinar figuras chave do governo, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse plano teria surgido após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, e a operação visa esclarecer se houve uma tentativa de golpe de Estado, desencadeada pelo descontentamento com os resultados das urnas.
Foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão. Além disso, houve a imposição de outras 15 medidas, incluindo a proibição de contato entre os envolvidos, a entrega imediata de passaportes e a suspensão do exercício de funções públicas. Essa operação fez parte de uma investigação mais ampla sobre os possíveis envolvidos em um esquema de subversão da ordem democrática.
Entre os presos, estava o general da reserva Mário Fernandes, que já teve cargos importantes no governo de Bolsonaro. Ele era o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência e chegou a assumir o cargo de ministro interinamente. Além dele, outros militares de alta patente como Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo também foram detidos. Juntamente com eles, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi preso. A ação foi realizada com o apoio do Exército e aconteceu nos estados do Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal.De acordo com a investigação da PF, os “kids pretos” teriam usado seu conhecimento técnico-militar para planejar e coordenar ações ilegais entre novembro e dezembro de 2022. Um dos objetivos do plano era criar um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, formado pelos próprios envolvidos, para lidar com qualquer conflito que surgisse durante as operações. O ministro Alexandre de Moraes, que agora comanda as investigações, disse que há “robustos e gravíssimos indícios” de que o grupo estava planejando a execução de figuras do governo, como o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), usando “técnicas militares e terroristas”.
A PF está investigando se os envolvidos cometeram crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e até tentativa de golpe de Estado. O plano de ataque, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, visava matar não apenas Moraes, mas também Lula e Alckmin. Esse plano foi impresso no Palácio do Planalto e estava previsto para o dia 15 de dezembro de 2022, data da diplomação de Lula. A investigação indica que Mário Fernandes foi um dos principais articuladores desse esquema, tentando obter apoio do então comandante do Exército, general Freire Gomes, para levar o plano adiante.
Além de sua atuação no governo Bolsonaro, o general Mário Fernandes já havia sido alvo de outras investigações, como na Operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada em fevereiro. O nome de Fernandes também apareceu em uma delação premiada feita pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que apontou o general como um dos militares mais radicais do núcleo golpista, com um forte apoio à ideia de um golpe para manter Bolsonaro no poder.
A prisão dos envolvidos, até o momento, levanta uma série de questionamentos sobre a verdadeira dimensão dessa tentativa de subversão. A Polícia Federal continua apurando os detalhes, e a expectativa é de que mais informações surjam nas próximas semanas. A investigação não apenas revela o envolvimento de membros das Forças Armadas, mas também destaca a participação de um policial federal, o que mostra que essa rede de conspiração envolvia diferentes esferas de poder no Brasil.
Em um país que viveu momentos de forte polarização nas eleições de 2022, essa operação da Polícia Federal acaba se tornando mais um capítulo importante dessa história, refletindo a fragilidade das instituições e a constante ameaça à democracia que precisa ser constantemente vigiada e protegida. A sociedade brasileira ainda está em choque com a gravidade das denúncias e, enquanto as investigações prosseguem, a população aguarda respostas claras sobre a extensão e os responsáveis por esse plano.