VÍDEO PSICOGRAFIA DE SÉRGIO REOLI – MAMONAS ASSASSINAS – ELE CONTA COMO FOI O ACIDENTE E COMO ESTÃO
Mamãe Dimarice, Papai Francisco,
É melhor sentir que estamos vivendo um daqueles momentos de alegria nos cômodos de nossa casa. Assim devo chamá-los de Nena e papai Ito.
Sr. Ito, pai, amigo, irmão, preciso esclarecer que estávamos certos de cumprir mais um compromisso.
Saímos de Brasília certos de poder chegar em nossa casa sem dificuldade. O que fazíamos pode passar ou pode fazer com que passe pelas cabeças idéias infelizes. Nos acomodamos no avião, sem qualquer atitude que pudesse provocar qualquer transtorno, eu, o Sam, o Dinho, o Júlio e o Bento. Nos sentíamos cansados e falávamos sobre isso. Sei que ainda rola papos infelizes na tentativa de buscar falhas em quem não as têm.
Não estou trazendo qualquer notícia contra o comandante Jorge ou contra a Torre. Não me cabe condenar sem conhecer os verdadeiros fatos. Eu e o Samuel, nosso Sam, temos aprendido que Deus precisa dos filhos e resolveu chamá-los. Não fique imaginando dor que não sentimos. Ficamos sim, assustados quando colocamos os pés no chão da realidade; aí já viu, foi como perder tudo. Não nos incomodava a perda do sucesso, das atenções, do destino, mas a ausência daqueles que sempre desejamos manter ao nosso lado. Graças a Deus, aquela carretagem total no momento do susto maior terminou.
O que fazer, papai Ito? Estamos vivos e podemos encontrá-lo. Sabemos que caminhamos num tempo difícil, num tempo de lágrimas e dúvidas, mas vamos vencer mais essa.
Afinal, eu sei que vocês confiam na minha coragem.
(…) Devo voltar ao assunto do acidente, confirmando que nos assustamos quando notamos que estávamos aterrisando. Não nos passou em momento algum que algo de errado pudesse estar acontecendo e todos confirmamos que somente nos foi possível escutar o estrondo e daí foi como se estivéssemos esquecidos de nós mesmos, porque nada sentimos, nada vimos.
Há poucos dias é que nos foi dado saber das condições que ficaram os corpos. Aprendemos que eram eles roupas que nos vestiam e que se estragaram naquele momento (…)
Dona Nena, não fique tão preocupada. Nós nos amamos, mãe.
Imaginemos o encontro de Nossa Senhora com Jesus. Um dia a gente vai se encontrar e vamos ver esse tempo como necessário.
A saudade é muita. Quero agradecer a todos que não nos têm esquecido e aos quais pedimos lembrar de minha família com suas orações, porque sei que serão capazes de compreender o sofrimento dos meus.
Quanto aos que ainda persistem no pensamento infeliz de que falamos e cantamos tantas besteiras e que foi essa a causa de nossa morte, ficamos pensando: se bobagens ditas matassem, a Terra já não mais estaria habitada. (…)
Abraços a todos com eterno agradecimento e que não pensem que estaremos aqui sem vontade alguma de sermos felizes. Filhos de Deus que somos não nos deve faltar vontade de alegria.
(…) Lembrança de carinho a todos.
Quando Deus me permitir, volto a escrever.
Sérgio Reis de Oliveira
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